O número do burro - Conto

O número do burro 

Todas as manhãs, Mariazinha, uma pequena agricultura, seguia com seu burrinho, Pé de Pano para a cidade levar alface e demais hortaliças de seu quintal de forma a ganhar a vida. 
Certo dia, quando retornava da cidade, se deparou com quatro estudiosos: um físico, um engenheiro, um matemático e o linguista; que munidos de diversas ferramentas, observavam uma forma estranha no chão. 
O primeiro estudioso era um físico, diante de seu conhecimento ele deu seu parecer: 
— Entendo que este é o número oito, que a depender da velocidade e da força do quê ou de quem o produziu podemos determinar a grandeza que ele representa. 
O engenheiro olhou de um lado, buscou outro ângulo e constatou:
— Concordo que é o número oito, porém a depender do ângulo de inclinação de quem o produziu podemos determinar que ele seja maior ou menor que a própria sombra. 
O matemático, por sua vez, certo de que em relação a números ninguém acima dele detém conhecimento, rebateu: 
— Não há dúvidas que se trata do número oito, porém como oito não é um número primo, por ser possível expressá-lo como um produto de fatores primos, não há como afirmar que poderia ser também zero. 
O Linguista, que nada entendia de número, mas da interpretação da linguagem verbal, suas manifestações, evoluções e gramática, não querendo se fazer de desentendido, postou-se a interpretar:
— Nobres colegas todos concordam que se trata do número oito, contudo é notório que este é relativo ao conhecimento que cada um possui, o que ao final das contas não traz informações conclusivas. Mariazinha encostada em seu burrinho, pediu licença e se aproximou. 
Olhou de um lado, olhou de outro, chegou bem perto, pegou um pouco de areia do solo em suas mãos, mirou a pata do Pé de Pano e batendo as mãos para retirar a sujeira, disparou: 
— Ora, bolas, não sei pra que tanto reboliço. Isso é apenas a marca da ferradura do Pé de Pano. Esta daqui quando fomos para a cidade e esta daqui quando voltamos. 
 Pegou seu burrinho e seguiram caminho. Moral da história: você pode até ser doutor, mas de ferradura quem entende é a Mariazinha.

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